01 março 2012

S. Martinho do Porto

Excerto da minha crónica na revista Eles e Elas-Setembro 2011

S. Martinho do Porto
São Martinho do Porto é uma freguesia portuguesa do concelho de Alcobaça situada na margem da baia de São Martinho frente a Salir do Porto, com 15,01 km² de área e 2 644 habitantes (2001). Densidade: 176,1 hab/km².

Foi vila e sede de concelho até 1855. Era constituído inicialmente apenas pela freguesia da sede e tinha, em 1801, 932 habitantes. Em 1839 foram-lhe anexadas as freguesias de Alfeizerão, Salir do Porto e Serra do Bouro. Tinha, em 1849, 3 596 habitantes.

A Baía de São Martinho do Porto é um acidente geográfico que, pela sua forma, em concha perfeita, é único no país e na Europa.

Situada a 19 quilómetros de Alcobaça, a Baía de S. Martinho do Porto é o último vestígio do antigo golfo que se estendia até Alfeizerão até ao século XVI.

A antiga Lagoa de Alfeizerão seria navegável desde o mar em S. Martinho até Tornada, tendo existido um porto de mar em Alfeizerão.
Hoje resta a concha de S. Martinho do Porto, uma bacia marítima de forma elíptica, com águas calmas e arvoredo envolvente, constituindo um porto natural de paisagem única. Possui 3 quilómetros de areal e uma barra com 250 metros de abertura, entre os Morros de Santana a sul e do Farol a norte.

A povoação de S. Martinho do Porto desenvolve-se em anfiteatro desde a Capela de Sto. António até ao Cais e à praia, seguindo pela Avenida marginal até às dunas de Salir. Foi fundada pelos monges do Mosteiro de Alcobaça, no século XIII.

Até finais do século passado São Martinho do Porto foi um dos principais portos do País mas, com o aparecimento dos navios a vapor, perdeu gradualmente a sua importância, sendo hoje porto de recreio e de apanha submarina de algas.
Nesta Baía desagua o rio Tornada, obrigando a cuidados especiais contra o assoreamento e a poluição.

Do alto dos miradouros do facho e do Cruzeiro ou da Capela de Sto. António, pode observar-se a beleza da paisagem.
Lenda do Lago:
N'aquela tarde calma. Fora a pesca abundante,
Sant’António do seu nicho, assiste vigilante
À faina. Os pescadores largam já d’amarra
E, como o mar manso,lá vão de proa à barra
Alegremente em fila, o porto demandando.
O leme vai na orça, velozes vão passando
Na linha da “ carreira “. Em frente da capela;
O Santo vai contando, um por um, vela por vela.

O sol é posto já. Traiçoeiro a refrescar
O vento aflige o Santo e atormenta o mar.
Toldou-se o céu também, logo a terra escureceu
E no regaço o Santo Jesus adormeceu.
Já nas ondas envergam os novelos d’espuma
Mas, na conta das velas, inda falta uma!
Nos lábios d’António, trémulos d’amargura
Alguma praga ao mar, entre as preces se mistura.

Um ponto branco, ao sul, lá longe entre a procela,
Traz rumo aproado, à alvura da capela.
O bom do Santo ao ver, esse asa de gaivota
Que, tão audaz procura. A linha da derrota,
Empalidece, e treme, temendo-lhe o destino.
Não se atreve porém a acordar o seu Menino.
E murmura: “Jesus, Senhor! A vaga é tão alta”
“E aquela vela é, a mais pequena que me falta”

Enquanto Dura a luta, entre o mar e a vela
António nota já, não ser deserta a capela.
Uma pobre mulher, nos degraus ajoelhada
Cinge contra o seio, uma cabecita dourada;
No seu ardente olhar e nos olhos da criança,
O ponto branco brilha, como um farol d’esperança
E o pescador afoito, aproa sempre a vela
Ao vulto da mulher, à brancura da capela

O mar redobra a fúria, é um leão rugindo
E tranquilo Jesus, no regaço vai dormindo;
Mas avistando o pano, roto já p’la rajada
A cabecita d’ouro exclama apavorada:
“Ó mãe? Ó minha mãe?”
“É o meu pai, quelá vem?!
”N’isto; o Menino acorda e mui mal humorado,
O aio santo increpa, de sobrolho carregado;
“O que foi isto António?” – “Quem foi que se atreveu?
”O Santo aponta a medo, a vela, o mar, o céu.

Nos olhos da mulher, onde a vela é agravada
Uma lágrima... Uma pérola pendurada.
Desvairado ao vê-la, implora Sant’António:
“Senhor... fazei bonança... O mar é um demónio... “
Jesus serenamente, do nicho então desceu,
Com uma mãozita em concha, a pérola colheu,
O seu rosado braço, enérgico balança
E às ondas infernais, a humilde jóia lança.

Depois... sorriu ao Santo com divino afago
E no mar, defronte da capela, fez-se um “lago” .

Um Pescador
(o autor destes versos é desconhecido, sendo atribuído a um pescador da época)

A LENDA DE S. MARTINHO

Martinho era um soldado romano, valente e valioso, que regressava de Itália para a sua terra, em França.

Na viagem, cruzou-se com um mendigo que tremia de frio, devido à chuva que caía com intensidade. Sentindo piedade daquela alma que lhe pedia esmola, Martinho não hesitou em partilhar a sua capa militar.Pegou na espada e cortou a capa ao meio.
Quando se preparava para seguir viagem, a chuva parou de cair, as nuvens fugiram e o sol começou a brilhar. Assim ficou o tempo durante três dias. Diz-se que foi recompensa divina.
A tradição mantém-se e por isso se fala do Verão de São Martinho, para lembrar que as boas acções não se devem esquecer.

Acabaram as férias de Verão e eu decidi dedicar esta minha crónica a este lugar especial na terra. Pelo menos para mim.
Às vezes dou por mim a tentar explicar às pessoas o porquê de eu sentir esta terra como minha, e penso sempre, qualquer dia escrevo um livro sobre S. Martinho, não vou escrever um livro, mas uma crónica, acho que é um bom começo.
“S. Martinho é um lugar que temos no coração, praia , férias e o mar, são os jogos de Verão.”

Este era o refrão do hino dos Jogos de Verão, cantando pela Nucha e por todos nós, Verão após Verão em S. Martinho.

Há coisas que não se explicam, mas o sentimento que me invade cada vez que chego a S. Martinho é de uma paz sem igual. Sinto-me em casa, sinto-me bem, segura.
Muitas vezes dou por mim a vaguear por ali, a observar a paisagem, a rua, as pessoas, a sentir o cheiro de S. Martinho. Muitas vezes durante o ano, sinto um espécie de “chamamento” para ir lá e lá vou eu, convenço a família a vir comigo e lá vamos nós dar um passeio, e isso muitas vezes chega para recarregar baterias, para que o mundo pareça cor de rosa outra vez.

Sei que imponho ao meu marido e às minhas filhas todos os anos que as férias em família sejam lá. Sei que as minhas filhas já ganharam o “bichinho”, não porque as obriguem a nada, mas porque já elas próprias ganharam essa paixão.

Sei que elas lá se sentem livres, se sentem donas do mundo. Sentem-se também em casa, porque toda a gente as conhece desde que elas nasceram, porque reencontram amigos e família que não veem durante todo o ano.

O meu marido por mais que se queixe do tempo, de que não há nada para fazer, já se rendeu, rendeu-se ao tempo em família, aos passeios, aos petiscos e rendeu-se principalmente por ver a mulher feliz, por ver a mulher bem, e isso faz com que ele fique bem também.

Gozam o ano todo comigo por eu passar o Verão em S. Martinho e ter que levar roupa de Inverno, por não ir à praia por causa do mau tempo. E eu já nem digo nada. Porque eu não vou para s.martinho atrás do calor e da praia, isso graças a Deus temos em muitos sítios na nossa costa, vou para lá por causa de coisas muito mais importantes, vou para lá por valores e sentimentos muito mais nobres. Até me podiam garantir que ia estar sempre a chover, que eu iria para lá na mesma.

O que torna as minhas férias especiais em primeiro lugar é o tempo que tenho para quem gosto, que não tenho ao longo do resto do ano, depois é o tempo para as memórias, o tempo para as recordações, o tempo para me sentir reconfortada, e aquela terra dá-me isso, a sua gente dá-me isso. Viram-me crescer, sabem quem eu sou genuinamente, sabem quem é a minha família, conheciam os meus pais. E agora conhecem as minhas filhas e o meu marido e receberam-nos de braços abertos.

Sinto que os meus pais estão ali comigo, pois também eles tinham esta paixão. E sei que os deixa muito contentes eu ter “herdado” este sentimento por S. Martinho.

Adoro encontrar pessoas que também sentem isto, porque é uma forma de reforçar aquilo que eu sinto, uma forma de mostrar a quem não percebe que eu não sou maluca, que não é uma paixão só minha, inexplicável e sem nexo.

Quando oiço, como ouvi um primo meu que também padece desta “doença”, a falar como eu falo, a dizer que está com o sorriso “estúpido” na cara só porque está em S. Martinho, eu percebo tão bem o que ele quer dizer, quando ele diz que se sente novamente uma criança feliz e contente, eu percebo tão bem o que ele está a dizer...

Não sou fundamentalista ao ponto de dizer que não gosto de mais lado nenhum e a seguir fui em semana romântica com o Filipe até Marbella, onde já tínhamos estado o ano passado mas este ano ele reservou um hotel diferente, digno de Reis e Rainhas, clássico, romântico, lindo. E aí sim apanhámos Verão à séria, que este ano não apareceu como deve ser no nosso pais.

40 Graus de dia e de noite, chinelos no pé 24h por dia, almoçar e jantar na praia. Bom, muito bom.

E agora vou falar em aniversários! A Mónica fez 9 anos e a Joana 3 anos!!Mais uma vez festas cá em casa com a família!!

O meu Avô Zé fez 80 anos! E fez um grande almoço para toda a família e amigos na quinta dos meus tios em Santarém. Foi maravilhoso ver a felicidade e alegria do meu Avô, estava como ele mais gosta de estar, junto da família, sem horas, sem tempo contado, sem pressas.

Eu e o Filipe Fizemos um ano de casados!!!!E como as nossas 3 princesas também “casaram” connosco trocámos presentes uns com os outros, passamos o dia juntos e depois fomos jantar fora os dois sozinhos.

E Setembro é significado de regresso ao trabalho e regresso às aulas. Já regressei ao activo com excelentes trabalhos e bons projectos para o futuro.

Já tive na loucura da compra do material escolar e das fardas. E este ano vai ter uma particularidade, é o primeiro ano da Joana no colégio. Vou ficar sem bebes em casa...acho que vou sofrer mais eu do que ela, acho que vou ser mais eu a puxá-la para fora do colégio para vir comigo, do que ela a puxar-me para ficar com ela. É a lei da vida, e o tempo passa e elas vão crescendo.

Por falar nisso amanhã faço 35 anos.


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